Seria injusto escrever sobre a
Universidade Nova o grande reformador da pedagogia no Brasil, Paulo Freire, e
não fazer menção ao educador Anísio Teixeira, esse que tão profunda e
precisamente alterou as estruturas do ensino no Brasil, que mudou a visão sobre
a escola, rompendo com tradições e costumes arcaicos limitantes.
Anísio Teixeira, baiano de Caetité, filho de
uma família tradicional, teve sua educação amparada por colégios jesuítas. Por
sua grande admiração e afeto a alguns professores, em certo momento de sua vida
decide dedicar-se a religião. Porém esse não é o desejo de sua família, que
então o orienta a estudar direito, e a partir daí sua relação com a educação
começa.
Anísio é convidado para ser
secretário da educação na Bahia, por meio de sua função tem contato com outros
modelos de educação e referências, nesse momento ele se choca com a educação no
Brasil, uma educação elitista, que se baseia em títulos e heranças. Dedicando-se
cada vez mais a aprender sobre a educação Anísio se encontra com grandes nomes
da história brasileira como Monteiro Lobato e Gilberto Freire.
Já em 1930 ele está
responsável pela mudança nas instituições públicas do Rio de Janeiro, capital
do país na época. Sua primeira mudança se dá na criação do Instituto de
Educação, responsável pela formação dos professores das escolas pública, assim
como a criação de algumas escolas. Mas sua gestão também é marcada por uma
disputa que se deu pelo domínio do modelo de educação entre a igreja Católica e
os educadores pioneiros.
É criada em 1935 a
Universidade do Distrito Federal (UDF), Anísio a fundou para que ela
verdadeiramente investisse em projetos e pesquisas condizentes com a realidade.
Mas mediante a era Getúlio Vargas, a universidade é fechada e Anísio é acusado
de ser um comunista, então ele decide retornar a sua cidade de origem, para ali
se esconder.
Após a queda de Getúlio,
Anísio é convidado para ser secretário de educação da Bahia, neste período
Anísio cria a Escola Parque e implementa seus ideais e visão, criando então a
primeira escola em tempo integral, com acesso gratuito e laica. Encerrava-se o
período das escolas elitistas, que tinha os olhos voltados para as posses e
títulos e se inicia a escola com o olhar para o indivíduo.
Novamente ao ministério da
educação brasileira, como diretor do INEP e secretário da CAPES, Anísio dedica-se
em pesquisas pedagógicas e o modelo da escola nacional. Mas todo esse trabalho
e dedicação trazem à tona novamente o descontentamento da igreja Católica, que
exige ferrenhamente a demissão de Anísio Teixeira, que contava na época com o
apoio do presidente, o então Juscelino Kubitschek.
Anísio juntamente com Araci Ribeiro
dão inicio ao projeto da Universidade de Brasília (UNB), se tornando mais a
frente reitor da própria, mas seus planos esbarram novamente com o golpe
militar de 64, e Anísio é perseguido mais uma vez. Ele exerce nesse período nos
Estados Unidos, onde foi se refugiar, sua paixão e o dom, lecionar. Em seu
regresso, ele se debruça sobre a literatura, criando coletâneas e reeditando suas
obras. Em sua preparação para assumir o lugar de Clementino Fraga, na Academia
de Letras, choca a todos quando é encontrado morto.
Esse é o legado desse grande homem
tão importante na vida de cada aluno, mas tão pouco citado. Se hoje possuímos acesso
a escolas, acesso ao ensino de forma indiscriminada e democrática, devemos isso
a Anísio que lutou e dedicou sua vida para que esse sonho, que era e é de
milhares fosse possível.
Documentário Educadores
Brasileiros: Anísio Teixeira – Educação não é Privilégio.
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